Página Pessoal
Projeto Exposição Efemêra

Exposição Efêmera no Beco de São Miguel

Dentro do percurso de São Miguel, e decorridas duas visitas fundamentais na escolha do local, para a conceção e materialização da ideia de um objeto na cidade.

Este curso é navegado por dois momentos de estreitamento e de alargamento. Tendo em consideração o espaço e a sua grande afluência de excursionistas tornou-se prudente não atuar dentro desse trajeto, que já estava bem delineado. Foi num pequeno beco recatado e intimista adjacente à igreja, e na companhia de uma vasta cobertura de videiras que se tornara central a inerente capacidade de transladação, para um ambiente de reflexão, meditação e sobretudo de observação absorta. Por conseguinte, e semelhante a uma forma oval várias ripas de madeira dispostas ordenadamente com apenas um olhar de distância, permitindo a leitura das cerâmicas entre as linhas estas duas “meias-luas” partiriam de lugares diferentes, de um lado interior tocariam nas videiras, e do outro exterior vice-versa. Entre estas “linhas” especialmente entre os seus vazios, marcara nas paredes dos edifícios adjacentes, o mesmo material, as mesmas ripas, ecoando a estrutura em todo beco. Tornara aquele espaço um local protegido do ruído, no entendimento de criar uma ligação mais forte entre o espectador e a obra, uma ligação que não se quebrasse, semelhante ao ambiente num teatro ou museu.

Entre cada ripa, colocaria uma pequena peça de madeira que se segura por sua vez outra ripa de madeira, intercaladas, entre esses espaços propositadamente, a cobertura de videira dialogaria com o pavilhão, e consumi-lo-ia lentamente, adentrando e embrulhando-se nesse. A luz romperia timidamente, e entre apenas alguns rasgos intencionais sobre o espaço expositivo, salientando com a luminescência intencionalidade de banhar as obras. Teria dois momentos, um de entrada e um de saída, o de entrada oferecia sobretudo uma recompensa à sua observação curiosa e cuidadosa o visionamento do objeto e o de saída permitia ao espectador a possibilidade de aceder ao comércio local. Também, justamente no meio do pavilhão criara um banco, suscitando uma contemplação lenta e vagarosa. Uma imersão no nosso mundo e no seu mundo (personagens) É de frisar o tracejamento de um percurso alternativo ao do encontro com a edificação para todos os que optavam pela não-interação.

Todos estes aspetos consagram este espaço num local de permanência. A essência do projeto desenhava-se à volta de um local intimista, de um espaço de estar e contemplar, sobretudo possibilitando um diálogo aberto entre as obras, e uma interrogação inquietante e incessante com o que está à nossa volta.

Obra
Maquete2
Maquete3