PORTFÓLIO

2021/22 - 1º Semestre

Percorrer. Permanecer, Contemplar

Enunciado
Desenvolver individualmente a proposta de um objecto arquitectónico efémero, integrado no lugar e percurso urbano estudados anteriormente - S. Cristovão, Lisboa. Este objecto destina-se a acolher temporariamente uma obra de arte, presente nas exposições “Matéria Luminal” patente no CCB (Centro Cultural de Belém) e “O Pequeno Mundo”, patentes na Culturgest, em Lisboa. O projecto deverá articular-se fundamentalmente em três momentos: 1) um espaço de aproximação e transição interior-exterior; 2) um espaço interior de permanência e contemplação da obra exposta; 3) uma relação visual enfática e contemplativa, a partir do interior, com alguma coisa existente na sua envolvente exterior próxima ou distante.
Local de intervenção

Local de Intervenção

Muro de contenção - S. Cristovão, Lisboa
Local de intervenção

Local de Intervenção

Muro de contenção - S. Cristovão, Lisboa
Obra Escolhida
"Hear Here" Projeção vídeo, 8 faixas em leitura aleatória. Dimensões: 5 metros de altura por 6.5 metros de comprimento. Este vídeo baseia-se no método utilizado para calcular a distância de um temporal. Ao medir o tempo que transcorre entre um relâmpago e um trovão, é possível determinar a localização de um temporal. No caso deste vídeo, partiu-se do princípio que a propagação do som é mais lenta do que a propagação da luz. Na instalação, a imagem negra é interrompida por uma luz branca. De seguida, o espectador ouve uma trovoada de som elevado. Imediatamente a seguir à trovoada, a distância entre o raio de luz e o trovão é identificada (em milhas), ligando estes dois elementos. A distância reflete a posição hipotética do espectador em relação ao feixe de luz. O tempo entre a luz e o som varia, tal como a distância. O título "Hear Here" surge quando o som e a imagem entram em sincronia. Sendo uma obra que consiste num grande clarão de luz e um abrupto elevado som, o impacto da projeção no espectador é mais que evidente. A experiência de assistir ao decorrer da projeção chamou-me à atenção e foi decisiva na escolha desta criação. As infinitas possibilidades de criar um objeto que viesse a abrigar esta obra tornou-se num desafio que decidi aceitar - Projetar um objeto que não só a acomodasse como também a enriquecesse.
obra luz

"Hear Here"

Projeção no momento do relâmpago
obra escura

"Hear Here"

Projejão no momento de indicar a distância à tempestade
Texto Explicativo do Projecto
O pavilhão com destino a abrigar a obra encontra-se a um nível subterrâneo, já que as dimensões da projeção e o percurso em estudo não permitiu que fosse projetado de outra forma. O acesso ao pavilhão encontrasse ao longo de um muro que suporta uma massa de terreno a uma cota superior em relação ao nível da rua em que se encontra assente o acesso. Sendo o acesso ao pavilhão um enorme rasgo ao longo do muro, torna-o visível de vários ângulos do percurso, seja das ruas com conexão à igreja, como à rua que dá acesso ao castelo e o largo principal do percurso. Tudo isto sendo pontos principais do percurso de São Cristóvão reforçam a forte relação do objeto projetado com o contexto espacial. Ao encontrar-se rodeado de edifícios muito mais altos, o pavilhão contrasta com as grandes massas visíveis em todos os sentidos. Posicionado num local de passagem, proporciona ao visitante um local para permanecer abrigado do ambiente exterior mas com vista para esse mesmo contexto - O rasgo referido anteriormente proporciona isto mesmo. Neste sentido, a relação com o ambiente em volta é fundamental – possibilita a este objeto ter significado e propósito num contexto arquitetónico. Sendo o objetivo deste projeto a criação de um objeto com vista a abrigar uma obra de arte, a relação do objeto com a obra é igualmente importante. O pavilhão produzido é um acumular de relações, estas que ligam o espaço à obra e vise versa - Tal como o rasgo, as claraboias têm esta função. Não só como entradas de luz, mas também como saídas de luz, estas têm uma papel essencial na dinâmica do espaço. Como a obra consiste num barulho alto e luz intensa, estas aberturas permitem a propagação destes elementos para o espaço exterior, estes que são ambos visíveis e audíveis nas ruas que com ligação direta ao pavilhão. A criação de um ambiente expressivo tornou-se o maior obstáculo a ultrapassar, sendo as claraboias e a adição do elemento da água a solução para o problema. As grandes massas de água relacionam-se com o significado da obra e tornam a experiência do visitante muito mais enriquecedora. O barulho da projeção permite que a água vibre em conjunto com toda a massa do objeto. O clarão permite a reflecção da luz no espelho de água e a propagação ainda mais intensa da luz. Como as claraboias são abertas, possibilita ainda a entrada da chuva. Caso a meteorologia não o permite, a fonte vem substituir o som da chuva a cair na grande massa de água. Assim, existe sempre o som do movimento da água, o que complementa a obra perfeitamente. O acesso à obra começa com um patamar com vista para todo o pavilhão, aí, a colocação do banco propõe o permanecer, tendo esta uma vista privilegiada - Não só permite ver todo o pavilhão, como também as ruas de ligação ao local e uma vista superior pela claraboia com contemplação direta para o céu. Deste local não é possível ver diretamente a projeção completa, o que desperta a curiosidade do visitante. Apenas ao descer pelas rampas do pavilhão, em que a luminosidade vai ficando cada vez mais escassa é possível alcançar a obra e absorver todo o impacto que esta tem. A ligação de todos os elementos anteriores tornou possível proporcionar ao visitante do local e espectador da obra uma experiência única e marcante, esta que sim, era a finalidade deste projeto.
Desenhos Técnicos
Planta de localização, Perfil terreno

Planta de localização | Perfil terreno

Escala 1:100
Quinta Fachada, Alçados

Quinta Fachada | Alçados

Escala 1:100
Planta Baixa, Cortes

Planta Baixa | Cortes

Escala 1:100
Fotos Maquetes
Escala 1:500 e escala 1:100