Esta intervenção surge de um edifício reabilitado, anteriormente devoluto, na Rua da Achada mesmo atrás da Igreja de São Cristovão, na Mouraria. A localização provocadora, deve-se ao curto espaço de passagem que a envolve. Desta maneira, quis criar um local de passagem urbano dentro do lote resolvendo o problema do curto espaço para as pessoas caminharem. A minha ideia foi criar um percurso que causasse sensação de desconforto ao observador, de maneira que a obra de arte fosse entendida antes de a contemplar. Daí, criei duas escadarias em ambas as pontas do edifício e uma plataforma comprida com 6 metros de comprimento entre elas, e por cima da plataforma, estão uns painéis suspendidos fixos à parede lateral esquerda, repetidos, que variam de tamanho, com claraboias entre eles, originando uma luz subtil e concreta dando uma importância maior ao espaço e à obra. Aqui acontece todo o momento de contemplação.Os painéis simbolizam também as barreiras que as criaturas das obras de cerâmica têm ao ponto de não conseguirem admirar o mundo exterior. O banco no centro da plataforma é fundamental para que a Galeria dos Solitários, passem a ter companhia de quem esteja a vê-los, e vice-versa.Haver a qualquer hora do dia um momento de introspeção, reflexão e contemplação é necessário para todo o ser humano. Aqui fazemo-lo a pensar no outro, a entende-lo e a aceitá-lo, porque na verdade, são tal como nós.